Recortes e Retalhos

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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Revista Musica & Som - Os Dez Melhores 1977





3 comentários:

  1. Uma lista muito conservadora e que não espelha, de forma alguma, a produção de 1977.a história não tem sido muito simpática com a maioria dos 10 primeiros ( por mim só Patti Smith e, vá lá, o Peter gabriel) e remete alguns deles para…uma nota de rodapé.
    Faltam, Brian Eno, Wire, Talking Heads, Suicide, Pere Ubu, Kraftwerk…um abraço e, uma vez mais, excelente trabalho.

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  2. "Faltam Brian Eno, Wire, Talking Heads, Suicide, Pere Ubu, Kraftwerk"...cof, cof...risos. Desculpem-me: não consigo parar de rir. O caro Manuel Carvalho ainda não deves ter te apercebido o que era ou foi o Música & Som. Era uma revista feita à semelhança da Rock & Folk, da balofa Smash Hits e da Rolling Stone tardia (a mesma que havia perdido a sua aura pioneira e sofisticada da Crawdaddy) mas mil vezes pior do que as citadas. Era uma publicação dirigida por uns carolas (de Cascais ou do Porto) com os gostos mais paleolíticos que se pode imaginar (imagine-se: equivaleria a hoje chamar um Represas ou um Tozé Brito a escreverem sobre a nova música psicadélica da actualidade): António Sérgio, a quem se deve as primeiras colectâneas do punk e pós-punk em Portugal, e um dos primeiros a falar dos Banshees da Siouxsie, tinha ainda um longo caminho a percorrer. Nos primeiros números ainda dava destaque de capa aos Supertramp, Art Sulivan (urghhh), Blood, Sweat & Tears, a Elis Regina. Em suma, vinham todos da velha escola: fosse 71 ou 78, para eles, tanta fazia pois continuavam por cá Dylan, Neil Young, Jethro Tull, Rolling Stones. Nada de mal não fosse isso reflectir o gosto mais seródio da redacção. Hoje os anos 70 são a minha década favorita do rock, mas isso é hoje que se conhece muita coisa que estava enterrada pelo tempo (a fase noise de Boyd Rice, Throbbing Glistle, Flasket Brinner, Kraan, Zé Ramalho, Mammut, etc, etc). Alguma vez durante essa década, o M & S falou destes nomes?? Faziam algum esforço para conhecer o punk? Não. Faziam algum esforço para conhecer o pós-punk? Não, quanto muito, enquanto new wave, deliciava-se com subprodutos tipo Blockheads, Boomtown Rats e Fischer Z. Dizia maravilhas de Gerry Rafferty enquanto cruxificava a nwobhm, dos Saxon aos Maiden, já que era da praxe dizer mal do género. O tempo não lhes deu razão. Claro: é agora muito fácil argumentar hoje quando o tempo se encarregou de enterrar os Art Sullivans deste vida, deixando à mostra quão olímpica foi a música dos Wire ou dos Pere Ubu. Mas nem tudo era mau. Por exemplo na rádio, relembro a Rádio Comercial que nessa época teve excelentes colaboradores como Maria José Mauperrin e Fernando Dacosta (em Café Concerto), Cândido Mota (Em Órbita), Luís Filipe Barros (Rock em Stock), Jorge Lima Barreto (Musonautas), Rui Neves, José Duarte, Ricardo Saló, Humberto Boto, Aníbal Cabrita, José La Féria, Adelino Gonçalves, entre muitos outros. Eram oasis que pouco vislumbrei pois era demasiado novo para saber fosse o que fosse. Por isso, nem tanto nem tanto à terra. Para terminar: hoje, na mesma lógica, a revista “Blitz” também é uma revista conservadora que nunca sai do mesmo tipo de registo (Pink Floyd, Sigur Ros, punk, etc). Onde é que eu já vi isto? Como dizia uma banda dos anos 80: Pop Will Eat Itself.

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  3. Falar desses nomes mais comerciais teria a ver com a necessidade de reflectir os gostos dos consumidores da época. Quanto ao facto da publicação não reflectir muitos dos nomes que menciona é preciso contextualizar que nessa altura era muito mais complicado aceder à música que se fazia.

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